Um dia, como outro qualquer, entrei em um banheiro e vi uma menina.
Bonita, a propósito. Estava me olhando. Parecia perdida, como se procurasse acender a vida.
Tinha cabelo preto cacheado, pele branca, olhos castanhos. Sua alma gritava por socorro.
Parecia que estava em prantos. Sua criança interior nunca foi encontrada.
Algo não estava certo — errado, mal resolvido.
Ela amava o mar, mas tinha medo de se afogar.
Adorava a chuva, mas, quando ela chegava, abria o guarda-chuva para não se molhar. Sei lá...
Parava em qualquer ponto onde pudesse se abrigar.
Amava motos, mas tinha um trauma antigo.
Odiava o barulho, mas o silêncio a consumia.
Nunca foi do tipo que entendia ironia. Nunca fez questão.
Ela amava amar, mas vivia se limitando.
Odiava chorar, mas vivia se machucando.
engraçado que uma vez.
Ela amou tanto que achou que iria morrer por amar.
Ameaçou nunca mais amar de novo.
E depois... começou a se apaixonar.
Nunca foi do tipo que esperava pelo amanhã.
Vivia o hoje, o agora, o já.
Me aproximei mais e vi um sonho: gastronomia.
Se fascinava pelo prazer de cozinhar.
Parecia que a comida trazia vida. Mas havia um segredo:
ela odiava o corpo, o próprio peso.
Se sentia inútil por não conseguir mudar.
Cheguei mais perto e vi que ela odiava a vida,
mas vivia cada segundo como se fosse uma despedida.
Vivia cada...
Odiava mentiras, mas desculpava qualquer mancada que a vida lhe dava.
Tentei chegar ainda mais perto, mas ela evitava me olhar.
Parecia que tinha um segredo. Mas qual?
Não podia ser tão difícil desvendar.
Escondia uma saudade com cheiro, nome e memória.
Sua primeira decepção veio de um homem que vivia lhe contando histórias.
Sinceramente adoraria saber o nome dela.
Mas então, ela apenas saiu, sorrindo do banheiro,
dizendo que odiava que olhassem para ela.
Você nunca mais a verá de novo.
Biografia:
Poetisa Aluara Summer. Este poema é um espelho emocional de uma jovem marcada por contradições, traumas e beleza silenciosa. "aquela menina com G" não é apenas uma personagem — é um retrato íntimo de muitas meninas que carregam dores escondidas por trás de olhares perdidos e sorrisos breves. Aluara Summer nos guia por um mergulho poético em uma alma que ama intensamente, mas vive assombrada por medos e feridas mal curadas. A letra "G" talvez represente um nome, um segredo, ou simplesmente o peso de tudo que ela guarda. Uma menina que queria viver, mas que sobrevivia. Que sonhava em cozinhar, mas não se aceitava. Um reflexo cru, bonito e melancólico, de quem sente demais e, ainda assim, continua.
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