Essa não é a primeira vez que os investigadores desconfiam da delação premiada de Mauro Cid. Desde o começo dos depoimentos do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), era esperado que ele não iria fazer grandes revelações. Por isso, a apreensão do celular de Cid foi o bem mais precioso para a investigação porque, a partir da extração dos dados, foi-se revelando todos os passos da tentativa de golpe.
Mauro Cid deu um novo depoimento à Polícia Federal nesta terça (19). Ele foi chamado para dar esclarecimentos após a PF recuperar dados apagados do computador dele e também foi interrogado sobre o plano golpista para matar Lula, Alckmin e Moraes, revelado em operação da PF no mesmo dia.
Logo que ele assinou o acordo de delação com a PF em 2023, a avaliação era de que, como ele sempre foi a "sombra" do ex-presidente e que estava por dentro de tudo o que acontecia no governo, ele poderia fazer grandes revelações caso decidisse contar tudo o que viu.
O aparelho foi apreendido quando Cid foi preso em maio de 2023 durante operação da PF que apurou inclusão de dados falsos no sistema do Ministério da Saúde sobre a vacinação de Bolsonaro. A extração dos dados do aparelho foi concluída em 17 de maio daquele ano.
Cid só delatou sobre a existência de uma reunião sobre a minuta do golpe depois que teve os benefícios de sua delação premiada colocada em risco pela primeira vez. Quando houve esse risco, ele teve que voltar a depor e aí, sim, contou da reunião de Bolsonaro com os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica.
Essa reunião não configuraria crime apenas pelo relato de Cid porque delator precisa aponta provas. Por isso, a partir do relato, a polícia foi atrás do depoimento dos comandantes das Forças Armadas e conseguiu dois importantes: o do general Freire Gomes e o do almirante Almir Garnier. Esses depoimentos mostraram que Bolsonaro estava discutindo uma minuta de golpe de Estado.
O relato de Cid à PF não prejudicaria Bolsonaro, a não ser que ele tivesse provas. E Cid não entregou nenhuma prova. Quem conseguiu colher provas foi a PF com o depoimento dos dois comandantes.
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