Há dias, ensaio a escrita desse texto para ti, para nós. Há dias, procuro as melhores palavras para externar a imensidão do que fostes e ainda és para mim, mãe!
Lembrei-me de teus braços abertos esperando-me, criança, correndo em tua direção, para agarrar-me em teu pescoço, num abraço que só mãe sabe dar... Lembrei-me de tuas comidas temperadas com amor... Lembrei-me de nossas conversas, de nossos dias ensolarados lavando roupas na “fonte”... Lembrei-me de tuas lutas, de tua força, de tua fé... Lembrei-me de teu sorriso. Ah! O teu sorriso, mãe, sempre foi luz para mim, como o sol que aquece e ilumina! Lembrei-me de nós! E a saudade me abraçou.
Fui, bem devagar, vendo imagens de minha doce infância, da adolescência, da juventude. E, quando cheguei à fase adulta, ainda eras a mesma: com olhar sincero, com sorriso verdadeiro, com abraço que abriga, com palavras (e silêncios) que acolhem e acalmam. Quando segui um pouco mais, por essa estrada infinda das lembranças, cheguei ao dia em que, abruptamente, fomos separadas. Eu não estava pronta! Eu ainda não estou! Quando me dei conta de tua partida, olhei para tudo e, aos poucos, percebi que as coisas ainda estavam ali, os dias continuavam passando, um após o outro, mas dentro de mim havia um abismo.
Nada jamais seria como antes!
Demorei um pouco para entender que não veria mais o teu sorriso, não teria mais os teus abraços, que não mais ouviria a tua voz.
Meu coração estilhaçou-se em mil pedaços! Precisei catá-los enquanto seguia. Aprendi, não sem dor, que nenhum amor é igual ao teu, que nenhum abraço tem tanto aconchego. Senti na pele, e nos ossos, o latejar por não tê-la mais diante de meus olhos, embora estejas o tempo todo presente em meus pensamentos, em minha memória e em cada pulsar do meu coração. Me pego, tantas vezes, pensando no que poderíamos ter vivido! Mas, para manter-me de pé e seguir, escolho agarrar-me à grandiosidade dos inesquecíveis e valiosos instantes que passamos juntas nessa existência. Guardo cada pequena (grande) lembrança de tudo que vivemos. Quem hoje eu sou é, também, fruto do que és: MÃE! És aconchego, força, acolhimento... És amor em sua versão mais pura e profunda. E cada poro do meu ser exala tua presença eternizada em mim.
(Texto publicado pela autora na Antologia “Simplesmente mães” _ Editora Artecultural, 2023).
Mín. 20° Máx. 30°
Mín. 19° Máx. 23°
ChuvaMín. 19° Máx. 24°
Chuva