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Artigo Literatura em alta

Mãe: presença eternizada

Colunista: Escritora Ediane Schettini

31/05/2024 07h09
Por: Redação
Colunista: Escritora Ediane Schettini
Colunista: Escritora Ediane Schettini

    Há dias, ensaio a escrita desse texto para ti, para nós. Há  dias,  procuro  as  melhores  palavras  para externar a imensidão do que fostes e ainda és para mim, mãe!

     Lembrei-me  de  teus  braços  abertos  esperando-me, criança, correndo em tua direção, para agarrar-me em teu pescoço, num abraço que só mãe sabe dar... Lembrei-me  de  tuas  comidas  temperadas  com amor... Lembrei-me  de  nossas  conversas,  de  nossos  dias ensolarados lavando roupas na “fonte”... Lembrei-me de tuas lutas, de tua força, de tua fé... Lembrei-me  de  teu  sorriso.  Ah!  O  teu  sorriso,  mãe, sempre foi  luz  para  mim,  como  o  sol  que  aquece  e ilumina! Lembrei-me de nós! E a saudade me abraçou.

     Fui, bem devagar, vendo imagens de minha doce infância, da adolescência, da juventude. E,  quando  cheguei  à  fase  adulta,  ainda  eras  a mesma:  com  olhar  sincero,  com  sorriso verdadeiro, com abraço que abriga, com palavras (e silêncios) que acolhem e acalmam. Quando  segui  um  pouco  mais,  por  essa  estrada infinda  das  lembranças,  cheguei  ao  dia  em  que, abruptamente,  fomos  separadas.  Eu  não  estava pronta! Eu ainda não estou! Quando  me  dei  conta  de  tua  partida,  olhei  para tudo  e,  aos  poucos,  percebi  que  as  coisas  ainda estavam  ali,  os  dias  continuavam  passando,  um após o outro, mas dentro de mim havia um abismo.

Nada jamais seria como antes!

Demorei  um  pouco  para  entender  que  não  veria mais  o  teu  sorriso,  não  teria  mais  os  teus  abraços, que não mais ouviria a tua voz.

Meu coração estilhaçou-se em mil pedaços! Precisei catá-los enquanto seguia. Aprendi, não sem dor, que nenhum  amor  é  igual  ao  teu,  que  nenhum  abraço tem tanto aconchego. Senti na pele, e nos ossos, o latejar por não tê-la mais diante de meus olhos, embora estejas o tempo todo presente em meus pensamentos, em minha memória e em cada pulsar do meu coração. Me pego, tantas vezes, pensando no que poderíamos ter  vivido!  Mas,  para  manter-me  de  pé  e  seguir, escolho  agarrar-me  à  grandiosidade  dos inesquecíveis  e  valiosos  instantes  que  passamos juntas nessa existência. Guardo cada pequena (grande) lembrança de tudo que vivemos. Quem hoje eu sou é, também, fruto do que  és:  MÃE!  És  aconchego,  força,  acolhimento...  És amor em sua versão mais pura e profunda. E cada poro do meu ser exala tua presença eternizada em mim.

 

 (Texto publicado pela autora na Antologia “Simplesmente mães” _ Editora Artecultural, 2023).

2 comentários
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Rafaela de Almeida OliveiraHá 5 meses BrumadoEsse texto toca a alma, fui lendo e arrepiando!
Gabriela Há 6 meses Salvador BahiaQue texto lindo, parabéns pela belas palavras!
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A Coluna Ressignificar, é um espaço plural, abrangendo Literatura e Ressignificâncias, onde a escritora baiana Ediane Schettini, quinzenalmente, tece sua escrita, ou em outras palavras, descortina sua alma, restituindo parte daquilo que transborda seu ser.
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