Teu olhar, naquele dia, parecia um poço profundo de tristeza. Não era possível mensurar quanta dor transpassava a tua alma. Fitei teus olhos com o coração consternado. Desejei, com toda intensidade, que meu silêncio te dissesse o que palavra alguma poderia externar. Acolhi-a num abraço e, ainda em silêncio, pedi aos céus que o transformasse em abrigo. Pedi que meus braços, tão frágeis, pudessem ser lugar de aconchego, de segurança. Um lugar onde tuas dores sumissem. Um lugar onde tuas feridas parassem de latejar.
Os segundos não passaram depressa e esse momento pareceu tempo o bastante para que, mesmo desconhecidas, nos tornássemos íntimas. Comecei a ver, como que num filme, situações que te colocaram nesse poço – tão profundo, tão frio, tão escuro: gestos bruscos, palavras ferinas, sonhos despedaçados... uma infinidade de pequenas (grandes) coisas. Isso agora importava menos. O que importava mesmo era ajudar o teu olhar a ver o feixe de luz que chegava ao poço.
Quando nossos braços foram, aos poucos, se afrouxando do abraço-abrigo, olhei fixamente em teus olhos e você balbuciou: “– Não consigo mais”. Segura (de mim e de ti) e confiante (na força da vida e em Quem rege o universo) respondi: “– Consegue porque você não está só!”.
Abraçamos-nos, mais uma vez, enquanto as lágrimas lavavam a alma e levavam as dores. Dentro de mim ecoou: “VOCÊ NÃO ESTÁ SÓ!”.
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