Eu sei que quando isso se torna um hábito, viver fazendo todo o possível para agradar o outro não é tão simples assim. Muitas pessoas que são “agradadoras” não conseguem simplesmente parar, antes passam por um processo. Elas entendem o motivo de manter esse comportamento, começam a fazer pequenas mudanças e aos poucos vão conseguindo liberar o NÃO.
Um dos fatores que mais prejudica nesse processo é justamente encontrar com a rejeição de muitos dos que eram beneficiados com aquela pessoa outrora “boazinha” mas que agora decide começar a estabelecer limites, ou melhor, começa a entender os próprios limites e não permite mais que eles sejam ultrapassados.
Quando se acredita que é preciso ser bonzinho e agradar o tempo todo para merecer receber apoio, amor e aceitação do outro fica difícil perceber que isso te aprisiona num padrão de comportamento nocivo. O fato é que em muitas situações e para algumas pessoas, não importa quão “bonzinho” ou “boazinha” você seja ou o tanto se esforce para agradar, algumas pessoas simplesmente não se agradarão de nada do que você faça, e continuarão a não te aceitar como você é.
A coisa complica quando você percebe isso, o que pode acabar te aprisionando em outro lugar, o lugar da injustiça e do ressentimento. É quando você pensa que está sendo injustiçado, afinal você já fez tanto, não é mesmo?! Esse pensamento de injustiça acaba favorecendo o ressentimento e a mágoa. É como se outro estivesse devendo algo para você, quando na verdade ele não está. Ainda que você ofereça o melhor ao outro, ele pode simplesmente continuar não te amando. E talvez isso não seja sobre você, mas sobre ele mesmo. A questão é: fazer o melhor para o outro e agradar não precisa vir acompanhado de uma expectativa de aprovação.
Você pode fazer o melhor livre dessa expectativa e entender qual é o seu limite. Uma vez que você entende o seu limite a primeira pessoa que deve respeitá-lo não é o outro, é você. Você é quem deve saber o que pode e o que não pode, até onde você vai. Quando você começa a respeitar esse limite, que é seu, você começa a se encorajar para liberar o NÃO ao outro. Talvez no começo ainda seja um pouco difícil, mas depois vai ficando cada vez mais fácil.
Não espere que as pessoas que se beneficiavam da sua versão “bonzinho” ou “boazinha” lhe parabenize, entenda que isso provavelmente no começo vai gerar um desconforto. Mas aos poucos você vai aprender a gerenciar isso.
Mas entenda, reconhecer os seus limites não é deixar de ser educado, não é deixar de ter empatia pelo outro... Reconhecer os seus limites é se respeitar e impelir o outro a respeitar você também. É recusar ser abusado pelo outro. É viver bem com você mesmo. Um abraço e até a semana que vem.
Autora:
Mônica Reis é esposa e mãe de três garotos lindos de viver. Uma pessoa curiosa que gosta de conhecer novos lugares e de ler que é outra forma de viajar. É formada em Psicologia e possui Especialização em Terapia Cognitivo-Comportamental e em Saúde Mental e Atenção Psicossocial. Atua no âmbito clínico atendendo jovens e adultos. Desde 2020 tem se reunido com outros colegas de maneira independente para estudar temas diversos, incluindo livros e artigos de autores relacionados as Terapias Cognitivo-Comportamentais. Isso tem lhe permitido trocar experiências relacionadas a profissão e a prática clínica. Instagram: @bymonicareis.
Mín. 21° Máx. 30°
Mín. 21° Máx. 30°
Tempo nubladoMín. 22° Máx. 31°
Tempo nublado