Quem nunca recorreu em algum momento da vida a um poema? E, principalmente, a um poema que fala sobre o amor, saudade, carinho? Em muitas situações, somos tomados por sentimentos que precisam ser externados e, muitas vezes, faltam-nos palavras para nos expressar. Afinal, existem palavras suficientes que podem traduzir as nossas emoções? Que possam traduzir nosso amor, nosso afeto? Que possam traduzir a saudade que sentimos de alguém? Para tentar responder a algumas dessas inquietações, alguns poetas arriscam respondê-las através dos seus versos, através da poesia.
Poetas como Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector, Conceição Evaristo, Vinícius de Morais, Adélia Prado, Alexandra Patrocínio, Rita Queiroz, Maroel Bispo e tantos outros que aqui não cabem elencar, dedicam seus versos para falar da humanidade e do combustível que a move: o amor. Sentimento que amolece e aproxima pessoas. Sentimento que se hibridiza com a razão. Como nos versos de Luiz Vaz de Camões em “Amor é fogo que arde e não se ver”, sim, ele é sentido e externado em ações que se misturam à diversa realidade e se concretiza. É o que revelam os seguintes versos, do poema PROTOFONIA escrito pelo poeta baiano Maroel Bispo:
Amor é como tocha acesa,
Que inflama e tudo aquece.
Com intensidade e amiúde,
Que jubila e jamais esmaece.
A poesia, embora nem todos percebam a força de suas metáforas, estabelece uma conexão muito próxima com o mundo, com as pessoas e até com ela mesma, o que provoca diferentes repercussões em todos. Ela tem ainda um grande papel social: a formação da identidade do cidadão, visto que, além dos temas supracitados, ainda temos uma gama de questões sociais e, consequentemente, da história da humanidade. A poesia denúncia, revela, questiona, passeia sobre as veias sociais que fazem pulsar o coração da sociedade. Além disso, ela está no próprio respirar, no ar, no olhar! A poesia é vida, e sendo vida, está em todos os indivíduos.
Assim, podemos dizer que o texto poético é híbrido, isso é, mistura emoção e razão, traz a diversidade num mesmo texto, quebra barreiras artísticas da antiguidade, utiliza-se da intertextualidade (diálogos entre textos), enfim, o hibridismo está nas culturas atuais da nossa contemporaneidade, pois segundo Stuart Hall, o hibridismo é “poderosa fonte criativa, produzindo novas formas de culturas, mais apropriada à modernidade tardia que às velhas e contestadas identidades do passado” (HALL, 2005, p.91). Portanto, encontrarmos poesias híbridas é, antes de tudo, encontrarmos os mais variados sentimentos e impressões sobre nossas vidas, sobre nossas identidades.
No entanto, o amor na poesia é visto por vários ângulos, dependendo do olhar de quem a lê e de quem a escreveu. O importante na leitura da poesia é percebermos que sua linguagem (híbrida) não se encerra nela mesma e que cada vez que bebemos da fonte daqueles versos, sentimentos vão se misturando, renovando-se e, acima de tudo, tornando o leitor mais proficiente na arte de se encontrar através do texto poético. Logo, “Poesias voam, mas precisam pousar”! Com esses versos de Alexandra Patrocínio, o convite para que os corações, por mais gélidos que sejam, sejam lugares de pousos... Lugares do bem viver!
REFERÊNCIAS:
BISPO, Maroel. Celebração do Amor: Tributo a Antonio e Lélia Fernandes. Feira de Santana: Editora Mandacaru, 2022.
CAMÕES, Luiz Vaz de. Disponível em: arteblog.com.br
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade; trad. Tomás Tadeu da Silva, Guacira Lopes Louro. 10. ed., Rio de Janeiro: DP&A, 2005.
PATROCÍNIO, Alexandra. Girassóis em noites escuras. Guaratinguetá, São Paulo: Editora Penalux, 2018.
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